Oh Senhora do Alívio

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Oh Senhora do Alívio


Oh Senhora do Alívio

Daniel Pereira Cristo

Que dais a quem vos vai ver
Oh senhora do Alívio
que dais a quem vos vai ver
Bom terreiro p’ra dançar
Agua fresca p’ra beber
Oh senhora do Alívio que dais
a quem vos vai ver

Senhora tão pequenina
Oh Senhora do Alívio
Senhora tão pequeninha
Comadre da minha mãe
Senhora minha madrinha

Tudo é caminho e chão
P’ra Senhora do Alívio
Tudo é Caminho e Chão
Tudo são cravos e rosas
Plantados por minha mão

O vosso mosteiro cheira
Oh Senhora do Alívio
O vosso mosteiro cheira
Cheira a cravo cheira a rosa
Ao botão de laranjeira

Eu já estou aliviado
Oh Senhora do Alívio
Eu já estou aliviado
Duma fala que me deste
Eu fiquei desenganado

Boiada (grupo Raizes)
“Santuário de Nossa Senhora do Alívio”

O Santuário de Nossa Senhora do Alívio é um dos mais conhecidos e requisitados centros de peregrinação de Portugal, atraindo anualmente milhares de visitantes à freguesia de Soutelo. Em excursões ou em transporte individual, em grupos extensos ou com amigos/familiares próximos, os peregrinos chegam de todos os pontos do país para prestar a sua devoção num local de culto de rara beleza. Localizado na lateral do Santuário, o parque de merendas densamente arborizado garante sombras extensas e proporciona a soutelenses e visitantes excelentes momentos de lazer. O Santuário inclui também a Casa das Estampas (vulgo Casa das Promessas) onde podemos ver a imensidão de graças obtidas por intercessão de Nossa Senhora do Alívio, entre as quais se destacam quatro peles de jiboias; a mais antiga foi oferecida em 1818 por um devoto residente no Brasil. Nas traseira do Santuário do Alívio podemos encontrar um Fontanário, datado de 1813, que além de embelezar o espaço também era um ponto de água utilizado por peregrinos e habitantes locais. O templo regista particular afluência no segundo e terceiro Domingo de Setembro, por altura das Grande Romarias em Honra de Nossa Senhora do Alívio, uma peregrinação que traz ao Alívio todas as paróquias do Arciprestado de Vila Verde e inúmeros visitantes. Recentemente, o Santuário do Alívio e a zona circundante foram alvo de intervenções de requalificação, ficando ainda mais aprazíveis para os visitantes.

História

A construção do primeiro Santuário de Nossa Senhora do Alívio data do ano de 1798, erigido pelo pároco local, o Padre Xavier Frágoas, como agradecimento à Virgem por o ter salvado de uma doença que o atormentava. Em 1794, escreveu ao arcebispo de Braga, D. Frei Caetano Brandão, pedindo autorização para construir no lugar da Gândara uma capela em louvor de Maria Santíssima, deixando património suficiente para a sua construção e manutenção. O seu pedido não foi atendido, o que o levou a insistir novamente com o prelado referindo que a capela seria em honra de Nossa Senhora do Alívio. No dia 18 de agosto de 1794, D. Frei Caetano Brandão autoriza então a construção da dita capela. O Pe. Xavier põe logo mãos à obra e no dia 18 de junho de 1798 escreve ao arcebispo de Braga comunicando a conclusão da capela e pedindo a sua bênção. A cerimónia da sagração da Capela de Nossa Senhora do Alívio aconteceu no dia 7 de setembro do mesmo ano. Foi um dia de grande festa em Soutelo, na presença de várias dignidades eclesiais e civis e de uma grande multidão de povo. A imagem da padroeira foi levada em procissão da igreja matriz de Soutelo até ao lugar da Gândara, acompanhada por doze anjos e doze apóstolos.

O crescimento exponencial do número de devotos e do fervor religioso em torno da Senhora do Alívio impeliram a construção de um templo maior. O lançamento e a bênção da primeira pedra teve lugar no dia 25 de julho de 1872, presidida pelo arcebispo primaz D. José Joaquim de Azevedo e Moura, acompanhado de alguns membros do Cabido. Até cerca de 1930, do novo projeto arquitetónico concluiu-se a frontaria com as respetivas torres e a nave central. Entretanto, em 1944 a confraria encarregou o arquiteto bracarense José Vilaça de elaborar um plano geral de conclusão do santuário (que foi aprovado), que incluía a execução do lanternim, as capelas laterais, o transepto, a capela-mor, a sacristia e o deambulatório para a circulação dos peregrinos.

Arquitetura

Esta igreja, ladeada por duas torres sineiras, tem um frontão triangular encimado pela imagem da Virgem com o Menino e cabeceira poligonal envolvida pela casa das estampas, casa de sessões e sacristia. O interior, muito simples, tem planta em cruz latina, nave única bastante longa, com cobertura em abóboda de berço. Caracteriza-se pela existência de seis pilares, entre os quais se abrem grandes janelões, que sustêm os arcos, que estruturam o teto. O coro-alto encontra-se sobre um arco abatido com balaustrada de pedra. As pias de água benta são de mármore e o cruzeiro, com cobertura em cúpula, tem janelas com vitrais.

A capela-mor tem cobertura em abóboda. O cruzeiro, estruturado por quatro arcos plenos sobre pilastras toscanas, emolduradas e com almofadas, tem brasão na pedra do fecho. O transepto, com comunicação por portas em arco quebrado, é iluminado por rosáceas, com vitrais, e aí se integram dois pequenos retábulos de talha. Ainda hoje continuam as obras de melhoramento do Santuário de Nossa Senhora Alívio, que se ergue majestoso e belo, e continua a ser um lugar de grande devoção e enlevo para o espírito.

A Lenda das Cobras do Alívio

Reza a lenda que, no ano de 1818, um português emigrado no Brasil se encontrava a cortar madeira nas famosas Terras de Vera Cruz, quando se sentou naquilo que lhe parecia um tronco para recuperar da fadiga. Quando o tronco, mais escorregadio e viscoso que a madeira circundante, se começou a mover o emigrante português apercebeu-se que se tratava de uma cobra, uma jibóia com alguns metros de comprimento. Na hora de aflição rogou a Nossa Senhora do Alívio por forças para derrotar o animal e após uma dura luta haveria de conseguir matar a cobra apenas com a faca de mato que trazia à cintura. Como agradecimento à Virgem por ter atendido as suas preces enviou a pele da jibóia para o Santuário do Alívio. Desde então, chegaram ao santuário do Alívio peles de cobra de várias partes do mundo, onde portugueses contaram com a ajuda da Nossa Senhora do Alívio para enfrentarem situações de grande adversidade, com especial incidência no período da Guerra do Ultramar. Na Casa das Promessas podemos ver a imensidão de graças obtidas por intercessão de Nossa Senhora do Alívio, entre as quais se destacam as quatro peles de jiboias.

“Senhora do Alívio (outra canção)”

Senhora do Alivio

(Vila Verde)

Com Quadras soltas